Oscar e Carnaval – Baseados em fatos reais

Andrey Cardoso
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E o Oscar Vai Para…

Após as premiações que antecedem o Oscar, os especialistas ficaram divididos em relação ao prêmio mais cobiçado da festa: o de melhor filme. Se antes davam como certa a predileção dos eleitores da Academia por “Boyhood” de Richard Linklater, a consagração de “Birdman” no SAG Awards mostrou que o filme do mexicano Alejandro González Iñárritu também está no páreo. Essas escolhas em premiações são sempre discutíveis e como nunca sabemos direito quais são os critérios, raramente os vencedores são unanimidades.

Este ano, se os palpites estiverem certos, independente do ganhador o prêmio estará em boas mãos. Cada um à sua maneira, fala dos efeitos da passagem do tempo nas vidas dos seus personagens. Em Boyhood, Linklater escolheu um processo narrativo inusitado, filmou ao longo de 12 anos e assim pôde aproveitar as transformações físicas do seu elenco. Já em Birdman, a história é contada como se fosse uma única sequência, sem cortes, dando a impressão de que tudo está acontecendo nas duas horas de filme.

Alguns especialistas afirmam que “Boyhood” não convence porque seus personagens são muito reais e lineares, não elaboram nenhuma ilusão, a ponto de ficarem pouco interessantes a certa altura. Particularmente gostei do filme e tive outra impressão. Acho que o tom documental foi uma escolha do diretor. Em vários momentos as mudanças externas dos personagens chamam mais atenção que as internas, o que talvez tenha dificultado maior identificação para alguns espectadores.

Por outro lado, “Birdman”, desde o seu subtítulo (A Inesperada Virtude da Ignorância) é inventivo e ousado. A fantasia faz parte da “realidade” do seu protagonista, Riggan Thomson (Michael Keaton), um ator que fez muito sucesso no passado interpretando um super-herói e que busca reconhecimento no presente através de uma peça de teatro na Broadway. Não sei a opinião dos especialistas neste caso, mas achei que Iñárritu fez um filme sofisticado e acima de tudo divertido.

Tenho uma leve preferência por “Birdman”, mas (felizmente) isso não conta nada. No próximo dia 22 saberemos se os acadêmicos de Hollywood vão optar pelo convencional ou por um “pouco mais” de ousadia.

Palpites

Como puro “exercício premonitório”, arrisco palpitar as principais categorias do Oscar. Melhor filme vai para“Birdman”, melhor direção para “Alejandro González Iñárritu”, melhor ator para “Eddie Redmayne”, melhor atriz para “Julianne Moore”, melhor ator coadjuvante para J.K. Simmons e melhor atriz coadjuvante para Patricia Arquette. Se eu acertar, quer dizer que não houve nenhuma surpresa… E claro, certamente não mudará “nada” na minha vida!

Verdades de Carnaval 

Não sei se fiz boa escolha ao usar a palavra “verdade” no título deste texto, afinal nos últimos tempos ela anda com baixa popularidade e está tão capenga quanto o “Pirata da Perna de Pau” daquela antiga marchinha… Mas o Carnaval é uma manifestação tão autêntica da cultura brasileira, que vou arriscar ser mais “sincero que a Aurora”.

A primeira verdade, na verdade, estou emprestando da escritora Adriana Falcão, que definiu o Carnaval no seu livro “Pequeno dicionário de palavras ao vento” como a oportunidade praticamente obrigatória de ser feliz com data marcada. Essa definição talvez explique porque esperamos ansiosamente esses cinco dias de pura felicidade.

A segunda verdade é que, ao contrário do que dizem por aí, as Folias de Momo não agradam a todos. Temos dois grupos bem distintos: o dos que gostam de Carnaval e o dos que não gostam.

A terceira verdade é que aqueles que “não” gostam da festa, dizem isso por motivos de força maior, provavelmente porque estão impossibilitados de cair na folia intensamente, sem se preocupar com o amanhã.

Quarta verdade – Todo o mundo (fiz questão de colocar o artigo definido “o” para reforçar a amplitude), teve, tem ou terá um fato marcante durante algum Carnaval! Peça para alguém te contar alguma história dessas e certamente ouvirá verdades absolutas!

Foi isso que a minha professora de Português da 8ª série fez quando retomamos as aulas. Era o meu primeiro ano naquela escola e nas primeiras semanas de aula eu era um estrangeiro numa classe que parecia estar junta desde o maternal. Quando todos levantaram as mãos para contar suas aventuras carnavalescas daquele ano, não hesitei… Estendi a mão acreditando na ótima oportunidade de integração com meus novos colegas, afinal pela primeira vez meu Carnaval tinha ido além das matinês do Elvira acompanhado da minha mãe, tias e primos.

Os bailes nos clubes Trianon e Elvira eram bem frequentados (quem tem mais de 30, como eu, deve se lembrar…), mas para a minha “faixa etária” só eram possíveis as matinês, simples assim. Como não tinha 14 anos completos, de noite, só podia frequentar o Carnaval de rua. Naquele ano aproveitei a confiança da minha família nos meus irmãos e primos mais velhos (que “cuidariam” de mim) e caí na folia. Comecei na saudosa “Banda do Gordo” que saía na sexta-feira e emendei os outros dias com uma descoberta transformadora: a roda de samba.

Para alívio dos meus “tutores” que obviamente tinham outros objetivos e não seria nada fácil alcançá-los com um moleque a “tiracolo”, passei as quatro noites seguintes com uma turma que batucava naquelas barracas de bebidas da Avenida 9 de julho. Era a primeira vez que eu via um pandeiro de perto, não sabia a diferença entre repique de mão e rebolo, mas sabia as letras de uns pagodes da época, que tocavam na Transcontinental.

Por isso quando a professora perguntou como tinha sido o nosso Carnaval, naturalmente essa história veio à cabeça. Só que eu era um dos últimos na sequência dos relatos. Antes de mim, todas as histórias se passavam nas noites dos bailes do Trianon. Achei aquela galera muito “pra frentex” para a minha roda de samba! Quando chegou a minha vez, peguei o embalo da massa, disse que tinha ido uma noite no Elvira e outra no Trianon, e que tinha sido normal. Contei com a mesma convicção que a turma,  que em sua maioria, também tinha a minha idade… Acho que convenci, pois ninguém veio me falar que não me viu no clube.

Quinta verdade – Toda história de Carnaval é “baseada em fatos reais”!

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