(Texto baseado na reportagem de Emerson José Sena – Ampliando horizontes – Revista Sociologia Ciência e Vida – nº 21 – Editora Escala – pag. 28 -31)
Sociologia Empresarial
A sociologia Empresarial nasceu da confluência das sociologias industrial, do trabalho, do poder e das organizações, ainda que a maior parte delas tenha entrado nesta área de investigação a partir da Sociologia das Organizações que nos anos 1980, procurou compreender o impacto da difusão de técnicas de administração industrial japonesas no Ocidente.
Em 1990, devido ao crescente interesse na explicação dos mecanismos que tornavam as empresas suscetíveis aos comandos do mercado financeiro, a Sociologia Empresarial ganhou fôlego na Europa.
No contexto das transformações tecnológicas e organizacionais a Sociologia Empresarial discute questões como a governança corporativa, as tecnologias de base financeira que produziriam, ou não, a homogeneização estrutural e relacional de organizações nos países capitalistas modernos. Diferente da Sociologia das Organizações tradicional que olha as empresas pelo ângulo dos agentes internos comum em disciplinas presentes nos MBAs e faculdades de administração brasileiras.
Esta abordagem clássica, quando aplicada à administração, tende a focar dois pólos: o gestor, que busca aumentar a eficiência nas ações que empreende e o funcionário ou empregado, que exerce contrapressão em face das ações do gestor.
Já na abordagem da Sociologia Empresarial, o foco é ampliado e redirecionado, com crítica às fórmulas mágicas de gestão e o fascínio pela tecnocracia. O foco ampliado embarga os dilemas da mudança nas empresas, um problema também sociológico e não só psicológico e administrativo como se têm priorizado.
Nos últimos 50 anos a gestão empresarial foi marcada por práticas e conceitos como a Escola das Relações Humanas, o movimento pela Qualidade, A emergência do Marketing, a ruptura de paradigmas, a reengenharia e a revolução da informação.
Muitas vezes, nas escolas, faculdades e cursos de pós-graduação o estudo da ciência da administração é engessado, sobrepondo-se às análises críticas.
De modo geral, conteúdos das estratégias de gestão não incorporam em sua análise aspectos como relações informais, disfunções organizacionais, sistemas de aliança e de oposição, razão simbólica e outras.
Em contrapartida os “gurus da indústria”, apontam um arsenal de práticas administrativas que são a “última palavra em tecnologia de gestão” e com isso se perde a valorização do potencial humano, a qualidade de vida no trabalho e a utilidade sócio-ecológica da produção, pois receitas prontas são rasas demais, uma vez que os indivíduos não operam magicamente a empresa, pois vivem e são orientados dentro de relações sociais e políticas complexas.
Todo esse cenário é desafiador na compreensão do mundo atual pela Sociologia Empresarial. Os parâmetros conhecidos são questionados: o papel do Estado, o emprego e a qualificação dos trabalhadores e tantos outros temas fazem da Sociologia Empresarial um campo aberto a novas incursões e pesquisas.