O Famoso Pinheirinho, O Brado Retumbante e Oscar 2012

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O Espetáculo Pinheirinho 

Pinheirinho

Na última semana fomos bombardeados por opiniões de especialistas e celebridades sobre a reintegração de posse no Pinheirinho, na nossa vizinha São José dos Campos. Todos opinaram: artistas com camiseta do “Che” escreveram manifesto em festival de cinema; políticos da situação e da oposição; ator americano de quinta que vem “mamar” um pouco no bom momento da economia brasileira; a falsa grávida; o criminoso do reality show; até a Luiza que voltou do Canadá, só para dar o seu pitaco…

É muito estranho ler tanta opinião sobre algo que está presente no nosso cotidiano. Mais ainda quando sabemos que a maioria nunca passou por ali, sequer transitou pela Via Dutra uma única vez e obviamente se baseia no que vê pela mídia. A mesma que ávida por não perder a “notícia”, deu capa, manchete, enxoval e tratamento médico para uma moça que sim, precisava de ajuda e não de exposição e julgamento.

O placar ficou dividido. Para os intelectuais de plantão ficou clara a falta de preparo da polícia e o descaso dos governantes com as “vítimas” da ocupação. Para quem estava mais próximo fisicamente do local, a ação foi bem vinda, afinal “aquilo ali estava cheio de aproveitadores, que tinham carro, TV a cabo e de alta definição”.

A truculência e o despreparo da polícia foram evidentes, não há argumentos que os justifiquem. Os governantes envolvidos podiam ter tratado o caso com mais cuidado, afinal muitos dos invasores foram levados àquela situação por pura falta de opção, mas a ordem era para desocupar primeiro e ver o que faria depois. Em sua coluna de hoje (29/01) no jornal Folha de S. Paulo, o jornalista Elio Gaspari afirmou que a ação ficou mais cara que uma possível negociação, afinal a área reintegrada corresponde a menos da metade da propriedade da massa falida do Grupo Selecta e sua urbanização feita de forma “transparente” seria mais vantajosa. Mas transparência e negociação estavam longe de ser prioridade.

Por outro lado, não podemos deixar de considerar que havia interesses políticos pela liderança dos ocupantes e uma parte deles se beneficiava da situação. Mas também não sustenta os comentários da chamada “Nova Classe Média”, abundante no Vale do Paraíba, que disparou sua metralhadora de rancores para cima dos moradores do Pinheirinho, talvez com a mesma eloquência que opinou sobre a falsa grávida e o cara que “estrupou” (exatamente como ouvi!) uma inocente no reality show.

A “Sociedade do Espetáculo” definida por Guy Debord cria suas ramificações. Agora, além de chancelar que “só é bom o que aparece” e “o que aparece é bom”, perdemos a capacidade de ponderar. Temos que ter opinião sobre tudo e ela não pode ser relativizada, porque não dá visibilidade. E assim, seguimos aliviados apontando os defeitos alheios para esconder o nossos. 

O Brado que não Retumbou 

O Brado Retumbante

É uma pena a baixa audiência da série “O Brado Retumbante” que a Rede Globo levou ao ar nas últimas duas semanas. Com qualidade cinematográfica, a história de ficção de um político que vira presidente por acaso, foi das melhores coisas feitas na TV aberta nos últimos anos.

Pretendo “esmiuçar” melhor numa próxima postagem. Tive que aproveitar a deixa, afinal acho que essa baixa audiência tem a ver com os novos prazeres dos brasileiros. 

Se a economia vai bem, posso ir à praia no feriado; fazer churrasco no fim de semana ouvindo o melhor do sertanejo universitário (oh! If i catch you…); se posso comprar carro zero e até fazer implante com silicone importado, por que vou achar graça numa série fictícia cheia de referencias históricas que eu nem lembro?

Cada um tem o representante que merece. Pela audiência, qualquer um dos “Gladiadores do Terceiro Milênio” que quisesse ser presidente, ganharia fácil… Sem tirar uma gota de sangue do adversário!

E o Oscar Vai Para…

Oscar 2012

Após a divulgação dos candidatos ao Oscar 2012 (http://oscar.go.com/nominees), abre-se a temporada de estreias e especulações. Daqui até o dia 26 de fevereiro (data da cerimônia), todo fim de semana virá acompanhado de pelo menos duas estreias que concorrerão em alguma categoria. Para a nossa sorte, o cinema de Jacareí e os demais da região, desta vez irão acompanhar o calendário previsto, o que também não muda muito para quem utiliza a internet e confere os filmes em primeira mão.

Quanto às especulações, também é comum para os brasileiros as discussões sobre os motivos de nosso candidato não ser indicado ao prêmio de melhor filme estrangeiro, algo que não ocorre desde 1999 quando “Central do Brasil” do Walter Salles concorreu (“Cidade de Deus” concorreu em 2004 em outras categorias). Primeiramente acho desnecessária tanta lamentação, afinal o Oscar não é Copa do Mundo e não serve de parâmetro para produções fora do circuito “hollywoodiano”, trata-se de uma festa com fins comerciais e que, algumas (várias) vezes, acertou em premiar obras com apuro artístico. “Tropa de Elite 2” foi o nosso melhor filme aspirante à indicação dos últimos dez anos, a meu ver tinha reais chances, mas as escolhas dos “velhinhos da Academia” nunca foram claras e o filme do José Padilha continuará na história do cinema brasileiro pela qualidade e feitos comerciais. Ademais, se a questão é torcer para o Brasil no Oscar, temos 50% de chances com a música “Real in Rio” de Sergio Mendes, Carlinhos Brown e Siedah Garrett, além da participação do LigthStar Studios, que é de Santos, na produção de “Chico & Rita”, concorrente à melhor animação. Particularmente, acho que há músicas melhores na trilha do filme “Rio” e que o prêmio para animação ficará entre “Kong-Fu Panda 2”, “Rango” ou “Gato de Botas”, todos da Dream Works, que desbancou a Pixar e seu abaixo da média “Carros 2”.

Para as principais categorias, o páreo parece indefinido. Se resolverem prestigiar um filme mudo cuja trama se passa em Los Angeles, mas é francês, o ótimo “O Artista” de Jean Dujardin, deve levar os prêmios de melhor filme, direção e ator, daí as categorias menores como figurino e direção de arte, devem ficar com o também excelente “A Invenção de Hugo Cabret”, de Martin Scorsese. Mas se prestigiarem um filme que se passa em Paris cuja produção é americana, daí as premiações devem se inverter. Correndo por fora está “Os Descendentes” de Alexander Payne, que deve consagrar George Clooney como melhor ator e talvez levar o prêmio de roteiro adaptado.

Entre as atrizes parece barbada a premiação para a consagrada Meryl Streep e sua Margareth Thacther em “A Dama de Ferro”. Glenn Close também está bem cotada, mas acho que Michelle Willians pode estragar a festa de Meryl caso queiram premiar um rosto jovem. Coincidentemente, Michelle também retrata uma personalidade, no caso Marilyn Monroe, em “Sete dias com Marilyn”. 

Apostas à parte, a repercussão dos filmes já traz novos ares para a indústria do cinema que, principalmente na nossa região, prioriza sua programação com os campeões de bilheteria, que nos últimos anos ficaram de fora do Oscar. Para quem gosta de apostas, é possível participar de promoções nas grandes redes de cinema… Boa Sorte!

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