A exposição Nhenhenhem é uma das selecionadas pela Secretaria de Estado de Cultura, por meio do SISEM (Sistema Estadual de Museus) para percorrer cidades do interior. Redenção da Serra é a primeira cidade da região a receber a exposição, que pode ser vista de 3 de maio a 30 de junho, na Igreja Matriz (Praça Capitão Alvim).
Segundo o diretor de Cultura da Fundação Cultural de Jacarehy, Alberto Capucci, esta é a primeira vez que o Museu de Antropologia, criado há 32 anos, tem uma de suas exposições selecionadas pelo SISEM. “Todo ano são contratas várias exposições. E o Museu de Jacareí já recebeu várias delas. Mas pela primeira vez temos uma exposição produzida em nosso Museu selecionada pelo SISEM”, comenta Capucci.
De acordo com Capucci, um dos motivos para a escolha da Nhenhenhem é o fato da exposição resgatar a identidade regional. “É uma exposição pensada em nossa cultura. Leva em conta a contribuição indígena na formação de nossa identidade, não só da população de Jacareí, e agora Redenção da Serra, mas de todas as cidades do Vale do Paraíba e região.”
A exposição – As diferenças no modo de viver dos povos indígenas Jê e Tupi servem como ponto de partida para a exposição Nhenhenhém – Indígenas do Vale, concebida pelos artistas plásticos Paulo Pacini e Célia Barros. Ao percorrê-la o visitante percebe que nem todo índio dormia na rede. E nem todo índio era guerreiro. Os povos “Jê” dormiam somente em esteira e tinha habilidade em trabalhar com a palha. Suas aldeias circulares revelam organização hierárquica. Já os índios tupis eram adeptos do cachimbo, só dormiam em redes e tinham preocupação com a vida além da morte.
Mas isso é apenas parte das “iscas” que a instalação Nenhenhém lança ao público. Segundo Célia Barros, os visitantes também terão acesso a bibliografia utilizada na pesquisa para a construção da instalação. “Foram meses de pesquisas. Recorremos a livros, usamos a internet, visitamos tribos indígenas e tivemos a consultoria do historiador, antropólogo e doutor em Antropologia e Mestre em Linguística Geral, Benedito Prézia,” reforça a artista. “Não são informações construtivas, mas sensibilizações. O público é estimulado a ir em busca de mais informações”, completa.
Sobre o título, a dupla de artistas diz que foi inspirado nos primeiros contatos dos índios brasileiros com os portugueses. “Quando os portugueses chegaram aqui os índios não entendiam nada o que falavam. Era falatório de um lado e de outro. Um tal ‘nhenhenhém’…”, comenta Pacini. Entretanto, segundo Célia, a instalação não se trata de falatório mas de “um convite ao público para conhecer um pouco mais sobre sua história, suas raízes”.