Não divulguem meu nome por favor, sou fiscal municipal, colega de trabalho dos servidores que foram agredidos; gostaria de prestar um desabafo..
O clima é de preocupação, porque constantemente somos ameaçados pelos infratores, e também pela população que não entende nosso trabalho e que incentiva as ofensas. Infelizmente a coisa se agravou, não é a primeira vez que um dos nossos é agredido ou ameaçado.
Entendo que ninguém gosta de ser multado, de ter seus produtos aprendidos ou de ser interditado, mas, se a ação fiscal chegou a esse ponto, é porque a pessoa está em desacordo com a lei. O que fazemos não é de cunho pessoal, é nosso trabalho!
Respondemos as denuncias quando a população reclama de um terreno sujo, de uma calçada quebrada, de algum comercio/comerciante ilegal, ou de pertubação sonora. Vamos de um canto ao outro do município seja de carro, ônibus ou a pé para atender qualquer tipo de denúncia, e o que acontece quando estamos trabalhando? A população se volta contra nós, esbravejam que somos injustos, que eles são trabalhadores, que somos corruptos, covardes, vagabundos, autoritários, truculentos e outras coisas mais.
Frequentemente as pessoas nos pedem para ”quebrar galhos”, ”deixar passar”, ”fingir que não vimos”, que nós temos a obrigação de atender as suas exigências, e , não aceitam que não podemos fazer isso! Porque o que parece um favor na verdade é ilegal e que se atendermos esses tipos de pedidos podemos ser exonerados e ate mesmo processados. Tratamos todos os casos da mesma maneira. Neste trabalho não se pode abrir exceções.
Não andamos fardados, não portamos armas, nem coletes à prova de balas, realizamos nosso trabalho com base em preceitos legais, e única coisa que temos é a palavra. Somos moradores deste município, temos família, pagamos nossos impostos, temos direitos e deveres também como todos têm.
Somos facilmente reconhecidos, e mesmo não estando a trabalho escutamos as ofensas por ai. Mesmo assim, durmo com a minha consciência limpa porque sei que não é possível agradar ”gregos e troianos”, e que a pessoa que denunciou será ouvida, e terá seu problema sanado.
Quem agradece? O cadeirante ou idoso que consegue andar na calçada decente, o comerciante que paga seus tributos e vende produtos com procedência legal, os vizinhos que se livraram de possíveis criadouros de dengue e de ratos, cobras e outros bichos que adentravam em suas casas, ou como no caso deste final de semana, aqueles conseguiram ter uma noite tranquila de sono sem perturbação.
E da mesma maneira que muitos reclamam do que eu faço, outros agradecem.