O cigarro ainda faz parte do cotidiano de muitos brasileiros, mais de 19 milhões deles, o equivalente a 14,8% da população adulta. Uma pesquisa do Ministério da Saúde aponta que o percentual de fumantes teve uma queda de apenas 2,4% com relação a 2008.
A médica oncologista do IOV (Instituto de Oncologia do Vale), Cristiane Bittencourt, atribuiu essa resistência dos tabagistas a abandonar o vício à facilidade de acesso à droga, o alto grau de dependência que a nicotina gera, bem como aspectos psicológicos e sociais. “Os altos índices de tabagismo ainda existentes se devem a vários fatores, entre eles o fato de a maioria dos fumantes iniciar o hábito na adolescência, período de descobertas, curiosidades e questionamentos. Adolescentes encontram no cigarro uma droga legalizada, de fácil acesso. Junte-se a isso a mídia indireta do cigarro ainda existente. Após início do hábito, o mecanismo de vício do cigarro faz com que as pessoas o mantenham até a vida adulta”, comenta.
Para colaborar com a redução desses índices, o IOV mantém um programa Antitabaco que auxilia pacientes que desejam vencer o vício em cigarro. Ao longo de cerca de um ano, eles recebem acompanhamento psicológico que incluem terapia e orientações sobre o impacto e os malefícios da droga. “Não é um processo rápido. Trata-se de um vício de anos em uma droga que precisa ser retirada da dia a dia do paciente. Esse programa trabalha a sensação que o cigarro provoca no paciente, o ritual de passagem para parar de fumar e faz com que ele se sinta seguro para abandonar o vício”, ressalta a psicóloga do IOV formada com capacitação pela PREVFUMO (Núcleo de Prevenção e Cessação do Tabagismo da UNIFESP), Carmela Silveira.
Aqueles que decidem vencer o tabagismo, já recebem benefícios imediatos, como normalização da pressão arterial, aumento da capacidade pulmonar e melhora na respiração. Em longo prazo, livrar-se do cigarro também diminui o envelhecimento, o risco de doenças cardiovasculares e ainda melhora a saúde oral.
O TABAGISMO – O vício em cigarro está relacionado à cerca de 90% dos casos de câncer de pulmão e também é fator de riscos para outros cânceres, doenças vasculares, coronarianas, enfisema, dentre outros.
O tabagismo passivo – inalação da fumaça de derivados do tabaco por não fumantes – também gera riscos de desenvolver doenças, de acordo com a intensidade de exposição à fumaça do cigarro. Em crianças, existe maior risco de otites, amigdalites, infecções respiratórias de repetição e crises de asma.