O servidor Weberton de Andrade, 28, procurou o NJ para fazer uma denúncia contra a prefeitura de Jacareí.
O servidor afirma que teve seu contrato de trabalho rescindido pela Secretaria de Saúde após denunciar na Corregedoria da Prefeitura casos de assédio moral. Segundo Andrade, logo no início, 20 dias após começar a trabalhar na UMSF Jardim Emília, foi convocado para um treinamento com os demais aprovados no processo seletivo. No penúltimo dia de treinamento, a gerente responsável pelas unidades de saúde foi até o local para fazer a distribuição das vagas.
De acordo com o servidor, a gerente teria dito as seguintes palavras: “Vocês irão escolher o local de trabalho de acordo com a classificação no processo seletivo. Com exceção do Weberton, porque ele vai para o Parque Brasil”, se referindo a UMSF Parque Brasil. “Mesmo sendo o segundo colocado no processo, não tive direito de escolha, por mais que tenha questionado imediatamente e solicitado os mesmos direitos dos demais. Parecia que eu estava sendo privilegiado, que tínhamos acertado isso por trás de todos”, declara Andrade.
Em outubro de 2014 foi implantado o sistema de triagem na unidade de saúde do Parque Brasil, e o servidor diz que questionou a ineficiência do serviço, pois o mesmo não possuía computador no local para, de fato, melhorar o atendimento aos munícipes. Ele relata que os pacientes chegavam ao local, formando uma fila na triagem e essa, sem nenhuma ferramenta para agilizar o atendimento, apenas encaminhava o paciente para outra fila, onde seria realmente atendido. “Fui ignorado”, afirma. “Foi criada uma escala mensal, onde os funcionários da recepção fariam o revezamento na triagem.”, completa.
Depois de questionar novamente o serviço, Andrade garante que começou a sofrer perseguição de sua supervisora.
“Ela me chamou na sala da supervisão, onde estavam mais duas enfermeiras, e passou a dizer que eu queria tomar o lugar dela e que me daria uma advertência por ter me negado a sair da mesa de triagem. Quando ela me deu o caderno para assinar, aproveitei e escrevi o que estava acontecendo na unidade. Expliquei o motivo pelo qual eu havia me negado a sair e relatei problemas que haviam ali, como cadeiras quebradas, servidores que têm privilégios por terem amizade com a supervisora, enquanto outros são perseguidos por não terem a mesma afinidade. Relatei que dias antes, a mesma supervisora havia falado a um paciente que questionava o motivo da receita médica vir com o princípio do medicamento e não com o nome do mesmo, a procurar atendimento particular. Fiz isso porque sabia que aquilo era um documento, escrevi como um alerta para a Secretaria de Saúde.”, conta.
Depois garantir ter sofrido várias perseguições, Weberton chegou para trabalhar na unidade do Parque Brasil, quando percebeu que seu ponto biométrico havia sido excluído. Chamou alguns funcionários que ali estavam, mostrou o ocorrido e assinou a entrada num caderno de ponto. “É uma situação humilhante. Mas procurei agir naturalmente e fui trabalhar. Por voltas das 9 horas, estava organizando a agenda dos médicos no sistema, quando o mesmo travou. Quando fui logar novamente, apareceu uma mensagem de que eu não estava vinculado a nenhum estabelecimento de saúde”, conta Weberton. Ele relata que foi até a Corregedoria e formalizou uma denúncia sobre o que estava se passando. “Se negaram a dar o vale-transporte para me locomover até a unidade que eles queriam, excluíram meu ponto biométrico, bloquearam meu acesso ao sistema, a Secretaria de Saúde respaldava toda essa covardia. Minha única opção foi procurar a corregedoria e formalizar uma denúncia”, conta. “A única resposta para a denúncia feita, foi o pedido de rescisão do meu contrato. Não quiseram, sequer, me dizer o motivo, contrariando a Lei 4550, que rege as contratações por tempo determinado. Depois de algum tempo, fui ao Centro do Servidor e consegui ler parte de um memorando encaminhado pela Secretaria de Saúde, no qual pedia meu desligamento, alegando “atos de insubordinação”. Ora, lutar contra abusos de assédio virou ato de insubordinação? Se fosse um caso isolado, até daria margem para as vistas grossas que a Secretaria de Saúde faz, mas são casos recorrentes, presenciados por todos os funcionários que, na maioria das vezes, ficam quietos por temerem as represálias”, explica.
O servidor ainda diz: “Pelo que vejo, a administração municipal atendeu meu pedido, me tratou igual trata a grande maioria dos funcionários, com desprezo, represálias e perseguição. É uma secretaria abandonada, onde alguns supervisores e gerentes se acham “Semideuses”, enquanto outros diretores e secretário têm certeza disso”.
O NJ procurou a prefeitura, que através de nota disse:
“A Prefeitura de Jacareí esclarece que toda e qualquer reclamação ou denúncia é devidamente apurada e, no caso em questão, não foi verificada qualquer irregularidade”.