Copa 2018 – Merecimento e sorte

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Após a vitória incontestável do Brasil diante do México os especialistas terão que ser criativos para encontrar problemas na nossa seleção. A respeito do que se fala do Neymar, principalmente das críticas e memes, o psiquiatra Daniel Martins de Barros explicou magnificamente em sua coluna no “Estadão” de ontem. Clique aqui para ler

Ele afirma que nosso cérebro não considera o acaso. Precisamos de explicação lógica para dar sentido às coisas, seguimos sempre a ideia de causa e efeito nesses momentos. Isso também acontece quando um dos nossos craques não joga bem, buscamos explicações diversas para justificar a má atuação. Assim, nunca levamos em conta o fator sorte (ou a falta dela), tanto nas derrotas como nas vitórias. Sempre atribuímos o êxito ao esforço, à preparação ou ao tal do merecimento (que o Tite adora), mas sejamos sinceros, será que num esporte com tantas possibilidades, o acaso deve ser mesmo descartado?

E se o Baggio acertasse a sua cobrança, será que o Bebeto aguentaria a pressão de ter que fazer o último pênalti em 1994? E se o Oliver Kahn não desse rebote naquele chute do Rivaldo em 2002? Ele não era o melhor goleiro de todos até aquele momento?

Num torneio rápido como a Copa do Mundo, aqueles que se apegam à lógica geralmente se decepcionam. Geralmente os ganhadores dos bolões são aqueles que apostam nos resultados mais improváveis. E claro, as eliminações dos times tradicionais demonstram que preparo, experiência e tradição nem sempre prevalecem, o acaso também deve fazer parte das estatísticas.

Imagine se o Japão confirmasse a vitória diante da badalada seleção belga. Os especialistas já teriam explicações lógicas prontas: Não são tudo isso! Tropeçaram na soberba! Não têm camisa! Como isso não aconteceu, ninguém dirá que a falha do goleiro japonês aconteceu por acaso, atribuirão “o frango” à maior qualidade do time belga. Será?

Torcer é sempre ter a ilusão de que controlamos o acaso. Por isso tanta gente passa mal ou adora xingar o craque do time quando não acerta o passe! A possibilidade de sentir frustração é alta… Mas nos deixa ligados a este sentimento!

Que venham os belgas! E que a sorte esteja conosco, pois, como disse Nelson Rodrigues: “Sem sorte não se come nem um Chicabon! Você pode engasgar com o palito ou ser atropelado pelo carrinho do sorveteiro”.

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