
Eu tinha nove anos em 1990, estava na quarta série e diferente do Fabinho e do Thiago, não faltei à aula pra ver a abertura da Copa. Era uma sexta-feira e lembro que senti falta dos meus amigos no recreio, fiquei imaginando o quanto estariam se divertindo àquela altura da tarde. Na segunda-feira eles tinham muitas histórias pra contar e eu novamente só pude ficar imaginando. De lá pra cá não cometi mais esse erro. Não que aberturas de Copas sejam a sétima maravilha do mundo, nem se comparam as de Olimpíadas, o ponto aqui é a sensação de que algo importante está começando diante dos meus olhos.
Começou a Copa do Mundo! E os desinteressados por Copa que me desculpem, mas nesse período eu me retrato com o menino de nove anos que ficou sem assunto e sou capaz de me emocionar ouvindo o Morgan Freeman falar de diversidade no Catar… Sim, logo ele que não é lá muito engajado! E logo lá, onde sabemos que a palavra liberdade não faz muito sentido, não é mesmo dona FIFA? Vai cansar o braço de tanto passar pano nesses 28 dias!
Incoerências à parte, me diverti vendo as mascotes de todos os torneios e ouvindo as canções que embalaram os últimos mundiais. E é assim que do nada brota na mente a pergunta: “onde eu estava mesmo na abertura de 2010”? Natural, afinal é pra isso que espero quatro anos, pra criar novas memórias, vivenciar novas emoções e ter novas histórias pra contar.
Nesse começo de torneio descobrimos que o Equador pode aprontar e que o Catar é o pior anfitrião de todos os tempos (dentro de campo também!). Entre os favoritos, os ingleses mostraram que têm repertório, diante dos iranianos que, para além da vaia de sua torcida no hino, sofreram justamente pela falta de repertório. Já a Holanda, de volta ao torneio após a ausência na Rússia, aparece pragmática, porém eficiente. Ainda é muito cedo, mas neste grupo, aparentemente, Senegal sem Mané deve perder a vaga pro Equador de Enner Valencia.
Adeptos, desinteressados, militantes ou baderneiros fazedores de piquetes, todos estarão no clima de Copa nos próximos dias, querendo ou não… É a época em que organizamos nossos horários de acordo com os jogos, fazemos apostas em novecentos bolões e vivemos o dilema entre torcer pelo placar que apostamos ou “zicar” nossos adversários. Por falar nisso, quem apostou numa goleada da Argentina no bolão da firma “erroooooou” como diria aquele apresentador… Quem diria que o primeiro favorito a sucumbir pra um time mais fraco seria a turma do Messi! A conferir, mas já mudei as apostas nos nossos hermanos nos próximos jogos.
É isso! Por aqui, o menino de nove anos “tá on” e se tivesse a oportunidade de encontrar o Fabinho e o Thiago, dessa vez não ficaria só na imaginação.
Andrey Cardoso é Psicólogo, idealizador do Podcast Lembrei e aficionado por Copa do Mundo.