Divagar, devagar ou de vagar
Só percebi a dimensão do desafio de escrever semanalmente neste espaço quando precisei ser objetivo, trazer para a realidade as ideias que já estavam a mais de 30 mil pés de altura… Sim, sou do time dos divagadores e admiro os práticos e a facilidade indolor de acertar seus alvos.
O primeiro desafio foi encontrar um nome que sintetizasse textos sobre cinema, música e atualidade. Logo vi que seria impossível escrever sobre esses assuntos sem falar de comportamento, filosofia, arte; e se é para falar de arte, futebol não pode ficar de fora.
“Um convite ao olhar” era o nome de um curso sobre cinema que participei. Soa pretensioso, algo direcionado, mas é justamente o contrário, meu “empréstimo” é uma homenagem à subjetividade, a principal marca que aquele curso deixou em mim. Os universos particulares de mestres do cinema como Antonioni, Fellini e Kubrick, me fizeram entender a importância de explorar minhas percepções, lançar novos olhares sobre as certezas.
Acredito que nos alimentamos de outras visões, outros mundos, sucessivas inspirações fundamentais para existirmos. “Se as portas da percepção fossem limpas, tudo apareceria para o homem como é, infinito”, esta frase do poeta inglês William Blake é um grande exemplo do que falo, inspirou o nome da banda de Jim Morrison (The Doors), além do cultuado Matrix, dos irmãos Wachowski.
Outra dificuldade que tive foi elaborar um pequeno currículo que me apresentasse. Busquei funções, títulos e antes de entrar numa crise existencial desisti, vi que não adiantava, minha relação com as coisas está diretamente ligada à diversão, esbarra na especialização. Por isso sou menos músico do que gostaria, mas sem a menor frustração. Decidi usar o profissional junto ao cinéfilo porque define bem a relação de prazer que tenho com o cinema.
Gosto muito da maneira como o Paulinho Moska (fonte em que bebo frequentemente) define sua pluralidade: “Sou um metido a besta profissional”, talvez seja uma boa definição para se emprestar. E por falar nisso, o título deste texto foi emprestado, ou melhor, inspirado na canção do Moska, expressões com a mesma sonoridade, mas com uma infinidade de sentidos.
É um prazer participar deste projeto inspirador. Jacareí vive um processo de transformação dinâmico que precisa ser registrado da mesma forma. O Portal Nossa Jacareí é uma ótima fonte para novos olhares sobre a cidade.