“Navegar é Preciso” no Museu de Antropologia

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A instalação Navegar é Preciso – Somos Todos Portugueses é atração no Museu de Antropologia do Vale do Paraíba até 31 de outubro. O título da exposição vem de uma frase difundida por antigos navegadores “navegar é preciso”, revelando o espírito de conquista do período dos descobrimentos.

As paredes brancas da instalação, com acabamento em gesso e formato em curvas, conduzem o visitante a uma viagem pela herança portuguesa presente na religiosidade, cultura e economia do povo brasileiro. Nas paredes, encontram-se textos, ilustrações e objetos que expressam fé, poesia, conquista, desenvolvimento, devastação. “A ideia é levar o visitante a um percurso, estimulando o raciocínio que conduz à leitura da nossa história”, comenta Célia Barros, que assina a curadoria em parceria com Paulo Pacini.

O diretor de Cultura, Alberto Capucci, confirma que o objetivo da instalação é “fazer o público pensar sobre as suas origens”. “Assim aconteceu com “Nhenhenhem – Indígenas do Vale” (instalação realizada no ano passado). Agora temos Portugal e, no próximo ano, teremos a África. E fazer o uso devido do Museu de Antropologia, que não é um local para somente expor objetos na vitrine, mas fazer pensar sobre o homem, sobre a sua formação, suas origens”, explica Capucci.

O primeiro contato com a instalação, que encontra-se no segundo andar do Museu, é estabelecido por meio de cortinas de rendas brancas – tecido que chegou ao Brasil com os nobres da corte portuguesa mas que se popularizou, principalmente na região do nordeste, e hoje é usado para compor os mais variados trajes.

A seguir, o visitante se depara com dezenas de sobrenomes espalhados pela paredes: Cunha, Souza, Madeira, Barata, Ferreira, Santos, Pires, Coelho, Garcia, Pereira, Ramalho, Saraiva, entre outros. Todos, segundo a curadora Célia Barros, de origem portuguesa. “Nem todos os sobrenomes estão aqui. É impossível colocar todos”, avisa.

Um passo mais adiante e o olhar recai sobre o azul royal dos pavões (ou galinhos do céu), esculpidos com barro cru pelas Figureiras de Taubaté. A partir daí o visitante começa a movimentar-se no interior das paredes e descobrir informações que compõem a história do Brasil, a partir da chegada dos portugueses.

Poesia e ensinamentos estão presentes em escritores conhecidos como Marquês de Pombal, Darcy Ribeiro, Fernando Pessoa e outros nem tanto, como o índio pataxó Wilson Hã-Hã-Hãe. Há ainda a cana-de-açúcar e o café, símbolos de progresso da economia brasileira, e o pau-brasil, que a princípio sugere desenvolvimento e depois passa a ser referência de devastação.

Além das paredes de Navegar é Preciso – Somos Todos Portugueses, há um oratório, decorado com tecidos de vermelho intenso, do Divino Espírito Santo, uma das festas religiosas mais populares no Brasil e, no Vale do Paraíba, muito expressiva em São Luiz do Paraitinga. Há ainda “bancos” de sacos de estopa, onde o visitante pode se sentar e assistir a um vídeo que traz imagens de Portugal hoje, diferente do país dos tempos das caravelas. Toda a visitação é feita ao som ambiente da viola caipira, que tem origem nas violas portuguesas, trazidas por colonos portugueses.

Serviço – O Museu de Antropologia do Vale do Paraíba fica na rua XV de Novembro, 143, Centro. Aberto de terça a sexta-feira, das 9h às 17h, e sábado e domingo, das 11h às 17h. Visitas agendadas no telefone (12) 3953-3574. Entrada gratuita.

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