QUANTO É O MÁXIMO?
Trabalho numa consultoria de recursos humanos na qual fazemos processos seletivos para várias empresas. Sempre me deparo com uma situação conflituosa: os candidatos reclamam muito do salário baixo, da falta de benefícios e das condições de trabalho que algumas empresas oferecem. Alguns chegam a se revoltar com tal situação.
E acredito que realmente tenham razão, quando se referem a pressão exercida pelos chefes, postura inadequada de colegas de trabalho, desrespeito e condutas que ferem a dignidade dos funcionários, pois a empresa deve antes de tudo ser ética e respeitosa com aqueles que nela trabalham, isso é inquestionável e imprescindível. Não dá para aceitar posição diferente, nem abrir exceção.
Com relação aos benefícios e baixos salários, discordo em alguns pontos. Primeiro que desde que a empresa esteja cumprindo a legislação trabalhista, pagando todos os encargos e dando todas as informações antes da contratação, é escolha do funcionário aceitar essas condições. E uma vez que aceitou, torna-se sua responsabilidade realizar um bom trabalho, ter comprometimento e dedicação, recebendo um salário alto ou baixo, pois foi sua a escolha daquele emprego.
Além disso, as pessoas de um modo geral tem uma visão muito individualista e unilateral das suas expectativas, ou seja, eu sei muito bem o que eu quero, o que eu mereço, todas as qualidades que eu tenho, mas esqueço que pra isso tenho que fazer a minha parte para que as outras pessoas também tenham essa visão a meu respeito.
Primeiro eu preciso mostrar por atitudes e ações quem eu sou para que depois, e só depois o outro enxergue isso em mim. Mas, isso tem de ser natural, não adianta eu fazer tudo para parecer assim, ou só fazer as coisas por interesse, o resultado não vai ser positivo, as outras pessoas vão se sentir enganadas e esse profissional deixa de passar credibilidade aos outros.
Não fosse só isso, há ainda uma questão de auto percepção, o profissional muitas vezes almeja a posição, o status e o salário do outro, que está muito bem no mercado, porém, não avalia o quanto este outro fez para estar onde está. Existem as exceções, mas conheço muita gente, algumas bem sucedidas profissionalmente e 90% “ralaram” muito para chegar onde estão. Nada caiu no colo delas.
Estas pessoas trabalharam desde muito cedo, fizeram muitas vezes duplas ou até triplas jornadas de trabalho (muitas vezes estudando e trabalhando), enfrentaram chefes difíceis, salários baixos, pouco reconhecimento e estudaram, aprenderam a buscar as oportunidades ao invés de esperar. Estavam abertas a aprender sempre, em todos os momentos e com as mais variadas pessoas, inclusive e principalmente com os erros.
Elas são o que são hoje porque têm o que contar, porque têm know how, porque conseguiram passo a passo chegar lá. E agora, por tudo isso, podem desfrutar com mérito a posição que alcançaram.
Diferentemente de muita gente que na hora de cobrar seus direitos, berra aos quatro cantos, mas no momento dos deveres, faz corpo mole… É fácil querer o melhor, difícil é ter gana, coragem e persistência para trabalhar duro, às vezes por muitos anos para chegar lá.
E então, você tem feito o máximo de você para exigir o máximo dos outros? Tem feito o máximo de você para querer e merecer esse máximo de volta em sua vida?