O apagão anunciado

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O apagão anunciado

Paulo Maluf

Quando fui governador de São Paulo, entre 1979-1982, comecei a construção da Usina Hidrelétrica de Rosana e da Usina Hidroelétrica Taquaraçu, no rio Pararapanema; construi as usinas de Três Irmãos e Nova Avanhandava, no rio Tietê; terminei Usina de Água Vermelha, no rio Grande, e de Porto Primavera, no rio Paraná, que hoje tem o nome de usina Sérgio Motta, e ainda o Canal de Pereira Barreto, que interligou e aumentou a potência firme do Complexo de Urubupunga. Foram 6 milhões de quilowatts adicionados à rede.

Quando assumi o governo de São Paulo essa foi uma das primeiras decisões que tomei, com investimentos a curto, médio e longo prazo, pois já estava preocupado, como ainda estou, com a situação do abastecimento energético de nosso Estado e do Brasil.

Quando sai do governo, nos anos seguintes nenhum outro investimento foi feito para ampliar para melhor a situação que deixei. As novas hidroelétricas licitadas em 2006 vão gerar apenas 740 megawatts.

Sem as usinas de meu governo o apagão de 1999 seria fatal.

Agora, há um novo apagão anunciado, com sintomas vindo a público, como foi a falha de transmissão acontecida há poucos dias, nas regiões Norte e Nordeste. Cinco milhões de pessoas ficaram sem luz.

É verdade, o clima, o calor, registrados nas áreas onde o consumo é maior, ajudam muito para que o Brasil se encontre na situação em que está. Como também é verdade que a falta de investimentos no setor e os impedimentos ambientais para a construção de novas usinas (a maioria ridículos), agravam ainda mais o quadro a nossa frente.

A decisão de não mais construir usinas hidroelétricas com grandes reservatórios diante do ativismo de grupos indígenas, populações atingidas e ambientalistas, poderá ser fatal. Usinas como a de Itaípu, nunca mais.

Como as novas usinas, em construção ou a serem construídas não têm grandes reservatórios, a de Belo Monte e São Luis do Tapajós, inclusive, nosso abastecimento hidroelétrico vai depender cada vez mais de usinas do tipo fio d’água, como dizem os técnicos, ou, vulneráveis à seca. Melhor dizendo: estamos, cada vez mais, caminhando para a dependência das usinas termelétricas, muito mais caras e poluentes.

Tanto isso é verdade que um dia depois de o ministro Edison Lobão ter anunciado na TV que o nosso sistema elétrico é seguríssimo, veio o apagão do Norte e Nordeste. Foi o primeiro blecaute de 2014. Haverá outros?

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