Poucos retrataram bem o drama da escravidão, não só nos Estados Unidos como no mundo todo, como o diretor Steve McQueen.
Baseado na história real de Solomon Northup (Chiwetel Ejiofor), um cavalheiro livre e letrado do norte, de 1841, que vivia uma vida agradável com sua família até ser enganado por uma oferta de trabalho, sendo vendido como escravo alguns anos antes da abolição da escravidão nos EUA, sendo levado para o sul.
O cotidiano cruel dos escravos é mostrado com exatidão, com o enfoque em Northup e em sua amiga Patsey (Lupita Nyong’o, atriz estreante que venceu o Oscar de melhor atriz coadjuvante), que sofrem principalmente nas mãos do fazendeiro Edwin Epps (Michael Fassbender) e sua esposa, que constantemente apelam com violência contra os dois, tratando os negros como meros objetos de trabalho.
As cenas onde Patsey recebe chibatadas são dolorosamente reais e comovem o público, retratando o quão preconceituoso e cruel pode ser um ser humano com seu próximo.
Aliás, Lupita, atriz novata, brilha tanto quanto Ejiofor em cenas bem fortes, como quando na hora dos escravos serem vendidos, ela é separada dos seus filhos.
O protagonista fica 12 anos na fazenda, onde ele acaba cruzando com o construtor canadense chamado Bass (Brad Pitt, em uma ponta no filme), que vai auxiliá-lo a escapar deste sequestro.
O canto de lamúria dos escravos nas fazendas também é lindo e triste, lembrando que foi ele que inspirou a música blues e o rock, posteriormente. Esta é a base da trilha sonora.
A escravidão acabou oficialmente nos Estados Unidos, no Brasil e em outros países, mas ela continua ocorrendo na produção de carvão e em fazendas de cana-de-açúcar, por exemplo. As cenas da trama que mostram os escravos trabalhando no corte, em condições insalubres, não são muito diferentes das condições dadas aos trabalhadores deste setor no nosso país, em dias atuais. Tudo isto torna o filme bastante atual e reflexivo.
É sem dúvidas o Oscar de melhor filme mais merecido dos últimos anos.