Alegria que virá

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andrey 1Em tempo de dar o meu pitaco sobre o nosso futebol. Na semana passada fez um ano do fatídico 7×1 contra a Alemanha. Os mais desatentos ou torcedores de ocasião foram rememorados pelas inúmeras matérias e reportagens especiais que povoaram a mídia. Seja tratando esta ferida com análises táticas ou levando para o lado afetivo, com perguntas do tipo: “você lembra onde estava quando saiu o terceiro gol da Alemanha?”

Claro que esta repercussão veio temperada por uma eliminação precoce na Copa América, que para muitos podia ser ainda pior caso enfrentássemos a Argentina na fase seguinte. Cá entre nós, tal lucidez nunca foi o nosso forte. Refaço a pergunta: há um ano, qual era a nossa expectativa antes do jogo contra a Alemanha?

Certamente a maioria se lembra onde estava, o que fez naquele dia e provavelmente como imaginou a partida antes de começar. E é aí que estamos patinando. Em qualquer época, nosso sentimento sempre foi de superioridade… Somos os melhores (Será?!), não importa o retrospecto, o preparo, o momento e o planejamento do adversário… Quando a “amarelinha” entra em campo, os adversários tremem! Seguimos trôpegos após os jogos contra Chile e Colômbia, mesmo assim nos sentíamos prontos para o hexa em casa…

Não podemos negar os fatos, somos pentacampeões mundiais. Tive o prazer de torcer para nossa seleção em três finais de Copa seguidas, com duas conquistas, ambas com bons jogadores e alguns craques, que faziam a diferença com jogadas imprevisíveis. Não gosto de saudosismo e nem acho que as coisas eram tão diferentes. Entendo que hoje há um preparo maior das outras equipes; seguimos com bons jogadores e com o Neymar, mas sua imprevisibilidade ainda não foi suficiente.

Dentro de campo o caminho é o fortalecimento do jogo coletivo. Na seleção, apesar de termos bons meias, ainda não temos uma dinâmica ofensiva no mesmo nível das melhores seleções. Desde o lendário time de 1982, o jogo coletivo apareceu em momentos esporádicos. Por aqui, nos nossos campeonatos, os melhores times dos últimos anos tinham esta característica. Resta saber se por obra do acaso como resposta à falta de craques ou por algum tipo de planejamento. Arrisco a primeira alternativa, já que organização e mudança não parecem convenientes para nossos poderosos cartolas.

Fora de campo, deixo o papo de modernização da estrutura e profissionalização dos cartolas para os especialistas… Me arrisco na minha praia, a de torcedor! Acho que podemos repensar a cultura do resultado, a impaciência com técnicos iniciantes, e principalmente aceitar que não estamos mais com essa bola toda…

A famosa carta da Dona Lucia lida por Carlos Alberto Parreira após a dolorosa derrota para a Alemanha terminava com algo parecido com “O choro pode durar uma noite, mas a alegria vem ao amanhecer”. Nosso mal é desejar sempre a alegria e desprezar o aprendizado que o choro pode trazer.

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