
Todo ano eu começava janeiro com uma agenda estalando de nova e prometendo que minha organização seria de fazer inveja.
Chegava fevereiro e a coitada já tinha virado caderno de planejamento de aula, anotações sobre livros que eu li ou caderno de receitas (brincadeira, isso não),o fato é que depois de mais uma tentativa de ser uma mulher organizada eu acabava com o armário cheio de frustração e agendas não usadas. Até uma crise de ansiedade me ensinar que uma vida satisfatória está muito longe de fórmulas milagrosas e da fala de quem acha que descobriu que a única forma de sermos felizes é nos tornarmos bem sucedidos e super organizados, no limite do TOC mais severo.
Haja Rivotril.
Comecei aos poucos. Ano passado surrupiei uma agenda fofa que minha mãe não usava e a cada dia anotava 3 ou 4 coisas que precisava fazer. Entre elas eu sempre colocava “me tranquilizar” “meditar” ou “não esquecer que tudo pode dar certo”. À noite eu grifava o que consegui realizar e notei que mesmo que nem todos os itens da lista tivessem sido cumpridos visualizar o que eu havia feito me mostrava do quanto eu sou capaz.
Mas não vou enganar vocês e dizer que 2019 foi o ano da minha virada. Ele acabou e eu não sei onde coloquei a bendita agendinha. Que não foi usada por inteiro,claro.
Enfim,quem disse que seria fácil estava mentindo.
2020 chegou,não pedi a agenda do meu trabalho (aprendi) e ganhei uma de presente. Estamos em fevereiro e adivinhem,com TODAS as páginas preenchidas. Eu achei o jeito mais particular que pude pra conseguir essa façanha:
Quando em algum dia eu não consigo escrever a lista das minhas tarefas a fazer ao final dele simplesmente anoto as que consegui,de ir ao supermercado, pagar contas até os momentos bons ( o de ontem foi “comemos uma feijoada deliciosa e dançamos pagode”). Assim ao invés de perder o sono pelo que não foi feito relaxo sabendo que tentei o melhor que pude.
Conheço pessoas que mantêm uma agenda bem organizada e um gerenciamento de tempo admirável,o que eu acho sensacional, mas enquanto procurei me encaixar nessa forma eficientissma de viver eu adoeci porque ela não servia à minha rotina. Agora sinto que estou no caminho certo e se houver um desvio ( agendas perdidas, preguiça, mudança de planos) eu não vou me enxergar como uma fracassada.
A sensação de respeitar o nosso jeito de viver é libertadora. Todo mundo pode tentar.
Talvez você não use agendas, apele pros recados na geladeira, prefira aplicativos como o Evernote ou não se apegue a nada disso, o importante é tentar dar aos seus dias um ritmo que não te enlouqueça e se perdoar pelas suas falhas Por mais que a gente não queira elas às vezes são inevitáveis.
Sem cobranças já tem coisa demais exigindo que sejamos organizados bem sucedidos e automáticos.
Com ou sem agenda cada um sabe de suas gavetas arrumadas, semanas cheias e horários ocupados.
E tá tudo bem. Ainda bem
DéboraSConsiglio