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O advogado Dojival Vieira, defensor do músico Raphael Lopes, vítima de racismo durante um show de comédia stand up, vai requisitar, nesta segunda-feira (19), a abertura de inquérito policial na Decradi (Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância).
– Cabe à delegada Margarete Barreto apurar o que de fato aconteceu: apologia ao crime e discriminação. Cabe a ela ouvir todos os envolvidos.
Além do pedido à Polícia Civil, Vieira vai solicitar a intervenção do Ministério Público nas apresentações doProibidão. O objetivo é impedir o acontecimento dos shows.
A Secretaria de Justiça e da Defesa da Cidadania já afirmou que irá investigar a denúncia de que um dos comediantes do show – que acontecia no local – teria chamado um dos músicos da banda de “macaco”.
O show reúne nomes como Alexandre Frota, Danilo Gentili e Felipe Hamachi. Para assistir ao show, os espectadores não pode gravar e tem que assinar um termo de ciência a respeito de piadas preconceituosas.
O músico atingido pela piada, conhecido como Rapha DanTop, não assinou o termo e não sabia do que se tratava o espetáculo. Ele é funcionário da casa que recebe o show.
O comediante que fez a piada foi Felipe Hamachi. O humorista e também um dos sócios da casa, Luiz França, contou que Raphael chegou no meio do espetáculo, com a banda, para tocar as vinhetas.
O sócio da casa, Luiz França, acrescentou que o músico riu e participou das brincadeiras anteriores, inclusive das piadas sobre pessoas obesas.
– A gente brinca com as pessoas do palco para não ter atrito com ninguém da plateia. Foi como se ele estivesse fazendo parte do espetáculo. Como ele não sabia [do teor do show] e nem o comediante que estava lá, então ficou um mal-entendido. Isso foi resolvido logo na sequência, com o policial lá fora. Mas, no dia seguinte, ele voltou atrás.
Já Vieira afirma que seu cliente foi orientado pela própria Polícia Militar a não registrar um boletim de ocorrência.
– Ele chamou a polícia e diante do argumento do policial de que não adiantaria ir à delegacia, ele ficou absolutamente impotente para agir.
Apenas quando o show acabou que os organizadores foram saber que Lopes havia chamado a Polícia Militar. Eles foram embora da casa e conversaram. Tanto Hamachi quanto França garantiram que o primeiro se desculpou com Raphael e entenderam que a situação havia sido resolvida.
– Foi resolvido na hora, tanto que ele até apertou a minha mão. Pedi desculpas para ele. Falei que não sabia que ele não estava sabendo. Até aquela hora estava tudo bem. Tanto é que ele não deu queixa. Ele mandou a polícia embora.
França também declarou que o Proibidão foi criado justamente para evitar constrangimentos constantes em apresentações.
