Fundação Cultural de lança o Prêmio Mestre Cultura Viva

0 0

O saber que culmina no canto e na dança, que dá mais sabor ao quitute, que transforma retalhos em bonecas, a madeira em instrumento musical, que reproduz o rito do benzimento. Na cultura popular, cada um traz dentro de si um saber que leva ao fazer e que é transmitido de geração a geração.

O comerciante Jair Benedito Ferreira é mestre na secular dança folclórica de São Gonçalo. A tradição herdada da mãe hoje é transmitida aos netos. Na família do artesão Fabiano Penhalver, a confecção de terços com contas naturais é uma arte que resiste a quatro gerações. E a quituteira Zilda Corrêa de Abreu — que conhece bem a arte de unir farinha e água para fazer o famoso bolinho caipira – já repassou a receita para as filhas.

Os três são exemplos de mestres da cultura viva, que preservam as tradições culturais e transmitem seus saberes para as gerações futuras. Com o objetivo de valorizar essas pessoas que preservam a cultura popular da cidade, a Fundação Cultural de Jacarehy José Maria de Abreu acaba de lançar o Prêmio Mestre Cultura Viva de Jacareí.

O regulamento está disponível na Diretoria de Cultura – Praça Raul Chaves, 110, Centro – onde também são feitas as inscrições até 30 de novembro. Para participar é preciso ter idade acima de 60 anos e residir em Jacareí há pelo menos dois anos. A premiação vai contemplar cinco “mestres”, independentemente de classificação. Cada um dos selecionados vai receber R$ 2.000, certificado de Mestre Cultura Viva de Jacareí e uma placa de madeira com os dizeres: “Aqui mora um Mestre da Cultura Popular de Jacareí”.

O Prêmio Mestre Cultura Viva de Jacareí faz parte das estratégias de ação prevista no Plano Nacional de Cultura, que propõe a criação de políticas de transmissão dos saberes e fazeres das culturas populares e tradicionais nas mais variadas manifestações como a língua, a literatura, a música, a dança, os jogos, a mitologia, os rituais, os costumes, o artesanato e a arquitetura, entre outras.

“Nós temos o costume de dar destaque ao que é novo, ao que a mídia reproduz, renegando, de certa forma, as tradições culturais”, diz o diretor de Eventos da Fundação Cultural de Jacarehy, Alcemir Palma.

Segundo Palma, a ideia é homenagear “não aquele mestre que tem mestrado, o acadêmico”, mas aquele que contribui para a preservação da cultura popular, transmitindo esse saber para outras pessoas. “Vamos considerar aquele mestre que obviamente tem o aprendiz. Isso é muito relevante, pois há pessoa que têm grande aptidão mas não consegue passar isso para os outros”, observa o diretor.

Ele explica que as inscrições também servirão para mapear as diversas manifestações da cultura popular que há na cidade: “a inscrição é uma forma de levantamento. É diferente, por exemplo, do que acontece em competições convencionais, quando parte das inscrições dos ‘não selecionados’ é descartada”.

Mestres transmitem saber do artesanato ao quitute

Feitos com contas naturais de capim-miçanga, planta também conhecida como “lágrima de Nossa Senhora”, os terços e rosários produzidos por uma família de artesãos de Jacareí é um dos destaques da produção de artesanato da cidade. A tradição existe há quatro gerações. “Meu bisavô confeccionava e ensinou o meu avô que passou esta arte para minha mãe. Hoje eu e minha irmã continuamos a confeccionar os terços”, diz a artesã Luciana Penhalver. A matéria-prima para a confecção dos terços é retirada da planta capim-miçanga, cultivada nos quintais de uma tia e da casa da artesã Luciana.

Já o comerciante Jair Benedito Ferreira aprendeu com a mãe a preservar duas tradições da cultura popular: a dança de São Gonçalo e a confecção de presépios. Hoje ele transmite aos dois netos, de 8 e 6 anos, a dança de São Gonçalo. “São tradições que já vêm de família. Minha mãe também herdou e passou para mim”, comenta.

A quituteira Zilda Corrêa Abreu também aprendeu a fazer com a mãe o tradicional bolinho caipira – transformado em patrimônio imaterial do município. A receita simples, que aguça o paladar de muita gente, ela sabe de cor e partilha com as filhas Berenice e Neide Abreu.

Happy
Happy
0 %
Sad
Sad
0 %
Excited
Excited
0 %
Sleepy
Sleepy
0 %
Angry
Angry
0 %
Surprise
Surprise
0 %


Comentar via Facebook

Comentário(s)

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *