

“A vontade que minha irmã tinha de ajudar as pessoas motivou toda a família a permitir a doação de órgãos. De uma certa forma nós nos sentimos confortados, porque sabemos que ela está salvando vidas.” Foi com essa certeza que a família de Leandro Rodrigues decidiu doar os órgãos da irmã Marcileia, que teve morte cerebral depois de sofrer um acidente de moto em Jacareí.
A jovem ficou internada por mais de dez dias na UTI da Santa Casa de Misericórdia de Jacareí, onde foram captados sete órgãos — coração, rins, pâncreas, córneas e fígado.
Para a realização dos procedimentos, a Santa Casa de Jacareí conta com o suporte de uma comissão do Núcleo de Captação de Órgãos, que integra um projeto do Hospital Israelita Albert Einstein e a Central de Transplante do Estado de São Paulo.
De acordo com o médico Ronaldo Honorato Barros dos Santos, do Incor (Instituto do Coração), especialista em cirurgia e transplante cardíaco, que esteve em Jacareí e acompanhou a captação do coração, a realização do procedimento exige uma grande sincronia entre todos os profissionais envolvidos — médicos, equipe de enfermagem e demais funcionários que auxiliam o procedimento. “Um coração tem o prazo de até quatro horas para ser reimplantado. Por essa razão, o trabalho tem que ser cronometrado. A equipe da Santa Casa foi fundamental para o sucesso de todo processo”, afirmou.
O médico ressaltou ainda a importância da doação de órgãos. “Deixamos de fazer muitos transplantes porque algumas pessoas ainda têm receio de fazer a doação. É preciso informar que o processo de transplante é totalmente transparente e que o único objetivo de tudo é salvar uma vida ou pelo menos garantir que um paciente que hoje está sofrendo tenha uma melhor qualidade de vida”, afirmou. O coração captado na Santa Casa foi levado de helicóptero para o Incor e deverá ser reimplantado em uma outra mulher.
O caminho – Para que um paciente possa receber um órgão, ele tem que estar cadastrado na Central de Transplante do Estado de São Paulo. O cruzamento dos dados entre o doador e o receptor é realizado pela central, por meio de um sistema informatizado, o que impede qualquer interferência no processo. Depois de identificado o receptor, é definido o hospital onde será realizado o transplante. Caso não seja encontrado um receptor compatível no Estado, a consulta passa a ser de âmbito nacional. Cada paciente pode estar cadastrado apenas no seu estado de origem.