Meia Noite em Paris, de Woody Allen, Celebra a Nostalgia

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A Nostalgia que nos Move

Em algum momento na sua vida já sentiu saudade de um tempo que não viveu? Já teve a convicção de que nasceu na época errada? Se sua resposta foi afirmativa, corra até o cinema para conferir “Meia Noite em Paris”, novo filme do Woody Allen. Caso nunca tenha experimentado as sensações que citei ou jamais tenha pensado nisso, também assista ao filme, afinal o cineasta nova-iorquino nos presenteia (como de costume) com um panorama bem mais abrangente que duas simples questões.

Em seu novo filme, Allen nos apresenta Gil Pender (Owen Wilson) um roteirista de Hollywood que, apesar de bem sucedido, almeja uma carreira como escritor. Sua autoritária noiva Inez (Rachel McAdams) não apoia seu projeto, devido à incerteza financeira e principalmente pela influência de seus pais, que não enxergam no genro o brio dos “vencedores”. Pender destoa da futilidade de sua iminente família; para ele a estadia em Paris é a oportunidade perfeita para buscar inspiração e escrever seu romance, enquanto sua noiva prefere programas enfadonhos acompanhada de amigos desagradáveis.

O aspirante a grande escritor não tem êxito em sua tentativa de romper com a mesmice, até ser fantasticamente surpreendido. Num passeio noturno despretensioso, é levado para os anos 1920, época em que seus ídolos circulavam naquelas ruas. Diante de ícones da arte como Ernest Hemingway, Scott Fitzgerald, Pablo Picasso, Salvador Dalí, Luis Buñuel, Cole Porter e outros, Gil parece finalmente achar o melhor ambiente para libertar seus desejos e naturalmente encontrar novos sentidos para os seus projetos.

A “realidade” de Pender me proporcionou alguns olhares. Um primeiro inspirador, onde a imortalidade das ideias, estéticas e criações artísticas se perpetuam independente da época em que são concebidas. Somos movidos por inspirações infinitas que “desassossegam a alma” (viva Bandeira!). Num outro olhar, menos radiante, compartilhei a nostalgia do protagonista e percebi o quanto é comum recorrermos a outros tempos para justificarmos nossa falta de realização no presente. Preferimos a segurança daquilo que já foi escrito do que o risco de reinventar uma história. Por fim, Gil Pender nos ensina que a inspiração e a imaginação são ótimas aliadas, mas quando nos ajudam a encarar a realidade, que por sua vez, costuma ser implacável quando nossas escolhas não são coerentes com nossos desejos. “Meia Noite em Paris” homenageia a nostalgia brindando o presente. Vida longa ao Woody Allen e seu cinema inspirador!

A Vida em Preto e Branco

Na semana passada Jacareí virou referência após a realização do primeiro casamento civil gay do Brasil, acontecimento histórico que despertou inúmeros “sentimentos” nas pessoas. Habitantes ou não, as opiniões afloraram.

Longe de tremular qualquer bandeira e de antemão ciente da dificuldade de muitos em olhar para a questão sem ser influenciado por convenções sociais, políticas ou ideológicas, decidi tocar no assunto sob a ótica da diferença. Por que teimamos em nos classificar pelas diferenças reforçando os preconceitos que aprendemos? Por que a luta dos homossexuais incomoda tanto os heterossexuais?

Todas as “piadinhas” (bairristas ou não) que pipocaram durante a semana mostram uma dicotomia entre a decisão da Justiça e a população em geral, que se apoia na hipocrisia para conter sua repulsa. Infelizmente o comportamento duplo ainda influencia a forma como interagimos com a sociedade, escolhemos a máscara que combina melhor com cada situação e a usamos sem o menor incômodo.

Lembrei-me do filme “Pleasantville – A Vida em Preto e Branco”, onde dois jovens são misteriosamente arrastados para dentro de um seriado de TV onde tudo é perfeito, preto e branco, sem diferenças… Até surgirem as primeiras cores, abalando a superficial tranquilidade dos moradores de Pleasantville.

Achar que tudo se resume a certo e errado, bem e mal, preto ou branco é fechar a porta para o novo; é optar pela linha reta em detrimento de um labirinto de possibilidades. Discriminação é a arma predileta de quem tenta manter o padrão como regra; um rebanho “padronizado” obedece melhor às ordens do dono…

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