Mostra resgata presença de italianos em Jacareí

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O Museu de Antropologia do Vale do Paraíba recebe a partir de sexta-feira (22) até domingo (24) a Mostra Presença Italiana em Jacareí, que tem a participação do cantor italiano Tony Angeli e apresentação da famosa Tarantella. A mostra reúne ainda fotos, trajes típicos, objetos, gastronomia (variedades de massas), dança e música.
O evento faz parte da série de exposições que a Fundação Cultural de Jacarehy José Maria de Abreu vem promovendo com o objetivo de resgatar a contribuição dos imigrantes na economia e cultura da cidade. A primeira mostra foi sobre a imigração árabe, com presença marcante no comércio, e a segunda sobre a colônia japonesa, que se destaca na agricultura. “Agora resgatamos a presença italiana”, afirma a presidente da Fundação Cultural de Jacarehy, Sonia Ferraz.
Uma pesquisa feita pela Fundação Cultural de Jacarehy aponta a existência de 130 sobrenomes de origem italiana. Turci, Capucci, Lippi, Carderelli, Scherma, Baroni, Berardinelli, Bonanno, Ceragioli, Corbani, Lamanna, Schiamarella, são alguns deles.
Além de conhecer mais sobre a história dos imigrantes e saborear variedades da cozinha italina, o público também tem a oportunidade de se divertir ao ritmo da famosa Tarantella (dança típica italiana) e ouvir clássicos da música italiana com a cantora Jô Holtz (sexta-feira), a dupla Eleny Matera & Ditinho Dias (sábado) e o cantor italiano Tony Angel (domingo), considerado um dos grandes intérpretes da música italiana no Brasil. Os shows acontecem a partir das 19 horas.
Serviço – Mostra Presença Italiana em Jacareí – Rua XV de Novembro, 143, Centro. De 22 a 24 de junho, das 19h às 23h. Entrada franca.

Primeiros imigrantes chegam a cidade por volta de 1870

A imigração italiana no Brasil começou por volta de 1870 na região sul. No Vale do Paraíba, a chegada dos italianos aconteceu duas décadas depois e a maioria se instalou em uma côlonia em Taubaté. “O italianos desembarcavam no Porto de Santos e seguiam para as colônias, dentro da proposta de assentar os colonos que iam chegando para substituir a mão de obra escrava”, conta o professor de história e diretor de Cultura da Fundação Cultural de Jacarehy José Maria de Abreu, Alberto Capucci Filho.
Em Jacareí, os primeiros imigrantes italianos chegaram no início do século passado. “Os colonos italianos que vinham para o Vale do Paraíba iam direto para Quiririm, em Taubaté, por ser uma região de vázea propícia ao cultivo de arroz. Entretanto muitos vieram para Jacareí porque, na região onde hoje é o Rio Abaixo, também havia uma grande várzea”, diz Capuccci. Além do plantio, os italianos também eram responsáveis pelo beneficiamento do arroz. Entretanto, muitos imigrantes foram trabalhar no comércio e até na construção de estradas. E segundo, Capucci, os italianos também tiveram forte contribuição nos pequenos ofícios . “Foram eles que abriram as primeiras sapatarias, afaiatarias e bicicletarias”, diz.
Tonel de azeitonas – A professora Leila Capucci lembra que o avô Giovanni Capucci chegou ao Brasil, em 1896, e foi trabalhar numa fazenda em Jundiaí, onde casou-se com Maria Pizzeli. O casal veio para Jacareí, onde Giovanni trabalhou na construção da Estrada de Santa Branca, hoje rodovia Nicola Capucci (nome de um dos filhos do casal), que liga Jacareí a Santa Branca. Nas imediações da rodovia, atualmente estão os bairros Jardim Colônia e Santo Antônio da Boa Vista, antigos nomes de colônias de imigrantes italianos instaladas naquela região. De acordo com Leila, a viagem do avô para o Brasil foi muito difícil. “Giovanni, por estar clandestinamente no navio, não podia aparecer como passageiro e, nos momentos de recontagem, usava uma tática especial: entrava num tonel vazio de azeitonas para se esconder”, relata.

Paixão pelo futebol e nomes excêntricos

A família Carderelli veio da Itália direto para Jundiaí. Entretanto, em 1919 um dos filhos, Virgílio Carderelli veio para Jacareí com o objetivo de ser jogador de futebol. E acabou fixando residência na cidade, onde se casou com Bolívia Zonzini e acabou seguindo carreira no serviço público. O casal teve três filhos: Maria do Carmo, Roberto e Carlos (Carderelli).
Hoje aos 80 anos, Carlos Carderelli tem gravado na memória muitos fatos que revelam a herança italiana na formação da cultura jacareiense. Entre elas a paixão pelo futebol. “Havia uma rivalidade muito boa naquela época entre Ponte Preta e Elvira”, lembra. O sucesso da comida italiana também é confirmada no depoimento de Carderelli. “A comida, sem dúvidas, é uma forte tradição. Lembro da minha avó, excelente cozinheira. Ela tinha uma mesa enorme, onde fazia macarrão e vários tipos de massas”.
Mas são os nomes dos tios maternos de Carderelli que revelam um lado muito excêntrico do avô Zonzini. “Meu avô colocou um nomes esquisitos nos filhos”, comenta o médico. Apesar de ter nascido na Europa, o comerciante italiano se inspirou no Continente Americano para escolher os nomes dos 8 filhos e das duas filhas: Américo, Montevidéu, Nova Iorque, Rio Grande, Brasil, Bolívia, Chile, Colômbia, México e Paraguai.

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