Todos falamos o mesmo idioma?
Percebo que não!
Há um mito sobre a nossa fantástica unidade linguística, mas não vejo assim!
De fato temos uma unidade política graças a nossa dispersão por falta de narrativas ou por heranças transmitidas por palavras turvas.
Somos de pouca leitura e portanto a nossa comunicação se limita ao utilitário imediato e por sermos muito cordiais temos relativo sucesso no comércio.
Na política é diferente. Precisamos estar atentos aos fatos e a nossa História é deficitária não por falta de acontecimentos, mas porque é mal contada.
Há sempre uma versão oficial confrontada por uma teoria da conspiração e como não temos o costume de ler, acabamos, no período escolar, tendo contato com os resumos de uma versão ou de outra. O tempo urge e é demasiado incoerente exigir de nós uma análise crítica porque ou trabalhamos ou cultivamos a nossa erudição.
Há, sobretudo, uma cisão ideológica nas narrativas e que, não sem razão, acarreta em suspeição. Portanto, se já não temos tempo, ainda precisamos duvidar daquilo tudo que lemos?
Isto é tão trágico porque mina o interesse de todos e fragiliza as nossas narrativas e sem esta importante memória não há como termos consciência dos erros e por isso a chance de evitá-los é muito menor.
Fora o tempo e recursos que se perde com expectativas vãs cresce a frustração diante tantos fracassos que poderiam ser evitados.
Os jovens querem mudar a Sociedade ou, pelo menos, é esta narrativa transmitida a eles. Outra coisa que decorre disto é os mais velhos atribuírem aos jovens esta responsabilidade acreditando que a mudança necessita de excessos e os jovens são o segmento mais indicado porque possuem energia para tais excessos.
Por quê?
Porque para mudar a Sociedade precisamos de uma Revolução e Revolução é confundida com insurreição, revolta ou qualquer coisa cinematográfica que o valha.
Importante lembrar que muitas revoltas só atrasaram o lado da Sociedade em questão e que verdadeiras revoluções aconteceram e acontecem sem nenhuma violência: a informática por exemplo.
Outra confusão angustiante é entre Ordem e Submissão. Podemos manter a Ordem e exigirmos Dignidade quando esta nos falta, mas para que tenhamos sucesso precisamos estar organizados e lermos os Contratos.
Não conseguiremos nada sozinhos e é essencial a Solidariedade! Um contrato de Solidariedade é complexo e confundimos com Caridade.
Decepcionamo-nos muito fácil? É claro, esperamos que um abacateiro nos ofereça um pêssego!
E como somos frutos de nossas narrativas existe algo de profunda crueldade: sermos induzidos ao erro ao confundir-se imaginação com ficção! Sendo assim, o que esperarmos da imaginação no poder?
Podemos escrever palavras de ordem em todos os muros, mas enquanto nos faltar vocabulário teremos apenas um jorro de criatividade e rompantes poéticos.
Pra finalizar este manifesto vale ressaltar que existe outra pobreza advinda da falta de vocabulário: a de acreditar que só se faz poesias com palavras!
Hy Ho!
Dario Burro é vereador em Jacareí