Por que o SUS é ruim?

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*Por Ana Paula Ferreira

Pelo menos uma vez, todo mundo já foi checar a timeline do Facebook ou grupo de Whatsapp e se deparou com uma foto ou vídeo de alguém sendo vítima do sistema público de saúde. Falta de equipamentos, superlotação, descaso médico… o que não faltam são flagrantes circulando na mídia. Essas cenas nos causam revolta justamente por tratarem de uma questão tão básica ao ser humano: a saúde.

Nossa indignação imediatamente nos conduz à procura de um culpado para toda essa injustiça. E aí a mente já mostra o PT, a corrupção, os outros países que são ‘’melhores’’ que os nossos. Mas, opa… o que sabemos sobre a saúde pública fora do Brasil? Será, realmente, melhor?

Para usar a saúde pública em Portugal, por exemplo, é necessário pagar uma taxa moderadora de acordo com a complexidade do procedimento. Sistema público nem sempre significa sistema gratuito.  Desde uma consulta até uma cirurgia, o paciente precisa colocar a mão no bolso. Alguns podem argumentar que ‘’eles têm dinheiro’’.  Mas e os portugueses que não têm condições financeiras? Certo, precisam comprovar renda para serem atendidos. Mas, vem cá… nós, brasileiros, precisamos comprovar renda para termos acesso ao atendimento gratuito?

Minha experiência na Austrália, com convênio, me rendeu longas esperas por consulta e o medo constante de precisar de ambulância em alguma emergência. Australiaana paula 2nos, inclusive, preferem não chamar uma ambulância. Isso porque ela custa, ao acidentado, em torno de 1000 dólares. É uma bela quantia em dinheiro e um belo convite à reflexão.

Afinal, dizem que o SUS é ruim. Mas o que, de fato, sabemos sobre ele?

 Você sabia, por exemplo, que…?

– Qualquer pessoa, tenha ela convênio ou não, brasileira ou não, pode usar os serviços de saúde do Brasil gratuitamente. Este direito é garantido pelo princípio da universalidade, que está disposto nas diretrizes do SUS.

– O sistema privado atua de forma complementar ao público, quando necessário. Em outras palavras, é possível que o paciente seja – gratuitamente – transferido para um estabelecimento de saúde pago. Claro, isso acontece apenas em situações extremas. Mas acontece e salva vidas.

– O SUS “invisível” está por trás das farmácias, supermercados, padarias, lanchonetes, vacinações e outros. Seja fiscalizando, garantindo a segurança da população ou tratando diretamente o doente, o SUS beneficia a todos.

– O nosso sistema de saúde é referência internacional. Infelizmente ainda existem muitas falhas na prática. Mas pelo menos a teoria é referência mundial.

Enfim, existem vários exemplos que comprovam que temos um excelente sistema de saúde. Minha intenção com esse texto não é – jamais- dizer que o nosso sistema é melhor do que os outros, mas chamar a atenção para o fato de que a saúde pública é um problema global. Se deixarmos de lado as diferenças salariais, vemos que a situação de outros países é tão crítica quanto a nossa – ou pior. Com certeza, o sistema de saúde no Brasil precisa de melhorias. Porém, temos que tomar cuidado para não repetirmos certas ideias sem antes questioná-las. Exigir mudanças sim, mas saber o que exigir. Saber que não precisamos de um novo sistema, basta que a nossa teoria seja colocada em prática.

Obs:O texto não reflete, necessariamente, a opinião do NJ

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