Meu canto, Meu encanto

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Todos os dias atravesso o centro da cidade. Vez de ônibus, vez andando. Todos os dias olho as portas entre-abertas, as faixadas, as padarias, os botecos e as boutiques.

É tudo lindo. Sou amante religiosa de cada ponto desse centro. Aglomerado capitalista? Não, aglomerado de sonhos.

Digo que sou amante, porque meu grande amor está lá. No alto de um prédio vendedor de seguros. Charmoso. Tem a varanda pobre, a parede pichada. É o terceiro elemento de um Duplex.. fica sozinho com um telefone que espera alguém ligar. Digo a verdade: Não é tão belo. Ma se fosse meu, Ah! se ele fosse meu.

Teria as paredes brancas e um terraço marrom, revestidos de vazinhos pobres onde estariam plantados alguns galinhos de arruda, hortelã e uma flor de maio que floresce em agosto, que vez ou outra faria alguém rir.

Dentro teria uma mesa redonda de material envelhecido. Uma não, duas cadeiras sempre desocupadas. Um fogão ainda novo. Uma geladeira pequena e uma enorme fruteira. Teria uma cama depois da sala. Um guarda-roupas, uma penteadeira e uma arara.

De volta a sala, um sofá e uma tv. Um toca discos, digo cd. E em um canto cheio de livros, teria uma mesa alinhada a frente de uma parede vermelha que traria orgulhosa meus discos pendurados e emoldurados em madeira branca, cheirando anos 80.

As chaves não teriam muito. Quem abrisse a porta, veria uma bicicleta estacionada na varanda de parede branca e terraço marrom.

Meu canto, Meu encanto

Crônica enviada por Angélica

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