Cinema, Música e Futebol no País da Copa

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Rivalidades




Em clima de Copa (ou não!) vale a pena conferir a animação “Um Time Show de Bola”. Para quem gosta de futebol (ou não!), a história traz um clima lúdico que a maioria das pessoas vive na infância, não é preciso entender de futebol para experimenta-lo.

Este sentimento é recorrente nos projetos de Juan José Campanella… Isso mesmo, o filme é argentino! Quem curte cinema, sabe que “nuestros hermanos” há alguns anos produzem excelentes filmes, inclusive o diretor citado ganhou recentemente um Oscar pelo ótimo “O Segredo dos Seus Olhos”. Se levássemos a velha (e boba!) rivalidade dos gramados para o campo do cinema, estaríamos atrás no placar.

Felizmente a folclórica arrogância fomentada pela rivalidade acaba ao conhecermos o protagonista Amadeu, garoto retraído que é ruim no futebol, mas craque no pebolim (metegol na Argentina). Neste período, inicia a rivalidade com Colosso, que é o seu oposto; bom de bola, porém menos talentoso no pebolim, além de mimado, vaidoso e arrogante. A vida de Amadeu complica um pouquinho quando adulto. Isso porque Colosso volta para a pequena cidade como ídolo do futebol, poderoso e milionário, disposto a vingar-se de seu rival.

Com extrema qualidade técnica e narrativa, “Um Time Show de Bola” carrega o trunfo das grandes animações da atualidade, agrada tanto o público adulto quanto o infantil. Para quem já disputou qualquer tipo de partida, em qualquer época da vida, é fácil se identificar com os sentimentos dos personagens. Para quem não teve tal privilégio, vale a rica composição dos personagens, afinal virtudes e defeitos não estão presentes apenas em disputas esportivas. Há críticas para a desumanização que a “era digital” traz aos jogos e brincadeiras, e de certa forma Campanella também dá um puxão de orelha nos adultos que mimam seus rebentos.

Repito o que li, pois define bem este grande filme, trata-se de uma “ode ao futebol”! Propícia para esta época… Quer dizer, para quem está no clima! Para os militantes do “Não vai ter Copa” sugiro que apreciem pela ótica dos mais fracos que se unem para vencer “o poderoso” que dominou a cidade, talvez a grande crítica ao atual governo argentino.

Aliás, os militantes de lá levam fama de serem mais atuantes e politizados que os de cá… Se levarmos em conta que além disso eles têm o Messi, parece que estamos em desvantagem, com ou sem Copa!

(Não) Vai Ter Copa


Há alguns dias conversava com uma amiga que por algum motivo que não me lembro, evocava o feriado de junho (Corpus Christi). Quando falei que assistiria jogos da Copa no estádio durante este período, um rapaz que estava no mesmo local me olhou com um tom ameaçador e soltou um: “Tome cuidado”!

Confesso que fiquei preocupado. Afinal, qual a intenção daquele jovem que nem participava da conversa? Posso estar enganado, mas desconfio que fui classificado como despolitizado, alienado, pequeno burguês “coxinha” que não faz ideia do que está acontecendo no seu país. Será?

Não é a primeira vez que isso acontece… Numa outra situação fui acuado por militantes da oposição após ter a infeliz ideia de assumir meu voto para a situação. Tirando alguns detalhes que tornam o fato ainda mais ridículo, não havia argumentos que me salvassem daquele julgamento. Como ouvi outro dia numa citação do Antônio Abujamra no Provocações: “Quando uma pessoa encontra a verdade, a única coisa que adquire é a impossibilidade de escutar o outro. Ela não ouve mais, só fala”!

Pois bem! Como verdades não norteiam as minhas divagações, em várias ocasiões me acovardei diante das verdades dos outros. Não tenho boas recordações das raras tentativas de posicionamento. No frigir dos ovos sempre acho que perdi a chance de ficar quieto.

Mas, e se realmente aquilo foi uma ameaça, e pior, exista uma questão sectária entre os militantes do “Não vai ter Copa” versus a rapa que conta os dias para ver a bola rolando? Será mesmo que se trata de seres superiores, politizados, que carregam as mazelas do povo para que uma meia dúzia se deleite?

Não sei. Minha covardia assumida me coloca num lugar diferente de muitos indignados que vejo nas redes sociais… Aliás suspeito que redes sociais sejam o habitat natural da indignação e do ressentimento. Tenho a impressão que elas chancelam a figura do cidadão consciente e que se preocupa com as próximas gerações! Na era da informação, não basta ser… Deve-se parecer que é!

De fato, acho que jogo no time da “rapa”. Além de acompanhar as Copas do Mundo desde 1990 e considerar uma grande fonte de entretenimento, concordo com o filósofo francês Luc Ferry quando afirma que a indignação não é um sentimento moral autêntico, pois sempre ficamos indignados em relação ao outro e nunca a nós mesmos. Isso talvez explique porque há tanta indignação com o noticiário e tamanha tolerância à fila cortada, ao “gatonet”, à vaguinha que não é sua nem por um minuto, aos casos de linchamento (somos o país do “bandido bom é bandido morto”), aos saques e saqueadores… Conviver é um ato político, e infelizmente, neste ponto estamos cada vez mais distantes de ser politizados.

As manifestações são legítimas e necessárias, nossa história foi construída com elas. Obviamente que sempre houve oportunismo, modismo e adesão acrítica. Apenas não acho democrático ser “desqualificado” por não postar nas redes sociais, comentários inteligentes sobre a situação do transporte em Fortaleza e não fazer “Selfie” durante o ato revolucionário contra a Copa.

Quero hospitais, escolas, ruas, museus e teatros com padrão FIFA. Mas também quero que Inglaterra x Uruguai, Brasil x Croácia, Holanda x Chile e tantos outros jogos, sejam épicos e inesquecíveis!

Música Padrão FIFA

Para aliviar um pouco o texto anterior, compartilho algumas músicas lançadas recentemente e que não param de tocar na minha “vitrola”. Sei que é bem pessoal, mas vai que alguém ande indignado com as músicas oficiais da Copa, eis outras boas alternativas.

 

 

 

 

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